No cenário corporativo atual, a habilidade de resolver problemas é indispensável para qualquer profissional que almeja se destacar e contribuir efetivamente para sua organização. Dando sequência ao meu último artigo sobre o futuro do trabalho, convidei Andréa Gitirana, especialista Master Black Belt em melhoria contínua, para compartilhar seus insights sobre como desenvolver essa competência profissional mandatória para qualquer um. Afinal, nosso trabalho existe para solucionar problemas. É para isso que você, eu, somos pagos.
Para começar, a mudança de mentalidade é necessária para nos tornarmos solucionadores de problemas. Muitas vezes, isso envolve expor nossas próprias falhas ou as de colegas, o que pode ser desconfortável. Por isso, é fundamental construir confiança e estabelecer uma comunicação eficiente dentro das equipes e com a liderança.
Quando nos deparamos com problemas, um ponto mencionado pela Andréa é a importância de trabalhar em conjunto: “Um bom profissional com foco na solução de problemas, sempre trabalha a quatro mãos”. Isso significa que as decisões devem ser tomadas coletivamente, pela equipe, valorizando as contribuições de cada membro e transformando conflitos em oportunidades de crescimento. “Conflitos bem solucionados nos movem adiante”, acrescenta.
A reflexão que proponho é: você é o profissional que leva o problema ou a solução para o seu gestor? Levar apenas o problema pode ser visto como falta de iniciativa e sobrecarrega a liderança, que já lida com múltiplas demandas. Por outro lado, apresentar soluções demonstra proatividade, comprometimento e capacidade de análise crítica. E mesmo quando você não está enxergando possibilidades de soluções, explore um pouco mais o problema, converse com outras pessoas envolvidas no processo, e apresente os caminhos que você já percorreu. Ou seja, faça uma boa análise de causa-raiz.
Andréa ressalta a importância de não basear conclusões em suposições: “Não tire conclusões com base em achismo, mas use dados para entender a realidade atual”. Compreender profundamente o problema é essencial para propor soluções eficazes. Além disso, desenvolver habilidades como organização, disciplina e comunicação clara são fundamentais para se tornar um solucionador de problemas.
Ela também enfatiza a necessidade de humildade e disposição para aprender: “Se disponha a colaborar e aprender, faça parte”. Essa atitude fortalece o profissional individualmente, e também a equipe e a organização como um todo.
Em um mercado em constante transformação, a adaptabilidade é uma vantagem competitiva.
Andréa nos lembra que “para sermos solucionadores de problemas, precisamos entender o específico, isso não muda”. Portanto, ser ágil na compreensão das mudanças e rápido na implementação de soluções é importante.
Convido você a refletir sobre sua postura diante dos desafios: você está levando apenas os problemas ou também está propondo soluções? Desenvolver a habilidade de resolver problemas não é apenas uma exigência do mercado atual, mas também um caminho para o crescimento profissional e para se tornar um candidato natural a liderar projetos de alto impacto.
Ser o profissional que apresenta soluções significa assumir um papel ativo na organização, contribuindo para a melhoria contínua e influenciando positivamente o ambiente de trabalho. Essa atitude não passa despercebida e pode abrir portas para novas oportunidades.
Para você que está pensando em se desenvolver nesta competência, o mercado nos brinda com novas metodologias a cada ciclo de tempo, no fundo, mudam os nomes, o approach, mas as ferramentas são basicamente as mesmas. Minha recomendação é simples, para sermos solucionadores de problemas, como falei acima, precisamos entender o específico, isso não muda.
Se sua empresa não oferece formação, busque entidades respeitadas pelo mercado, faça um projeto na sua área de atuação e consiga a certificação com o suporte de seu gestor.
Ferramentas e metodologias como Lean e Six Sigma podem ser valiosas nesse processo, mas Andréa alerta: “As ferramentas estão aí para servir vocês, e não ao contrário”. O foco deve estar no propósito e nos resultados, não na aplicação indiscriminada de técnicas.
Se você tiver uma base sólida, tudo que vier de novidade é acessório para te deixar mais “vistoso” para o mercado. “Não se feche, nunca diga isso não funciona, já usei antes, eu sei”. Nessa função, nunca sabemos de nada antes. Descobrimos junto com nossos times e nossas organizações. Descobrimos conforme a situação e a necessidade.
A grande vantagem em trabalhar com solução de problemas é que problemas sempre existirão… rsrsrsr. Ajudamos a eliminar muitos deles, mas como os desejos dos clientes mudam o tempo todo, existe sempre uma nova VOZ do CLIENTE trazendo novas demandas.
Como o negócio muda de rumo conforme a economia, a geopolítica e a estratégia das grandes e pequenas corporações, a VOZ do NEGÓCIO sempre muda, e faz com que o que funcionava antes, não funcione mais.
Então, na minha visão, a melhor maneira de se desenvolver a habilidade de “solucionador de problemas” preparado para o futuro, é sendo ágil para entender as mudanças de percurso e sendo rápido na reação. Cuidado com a paralisia da análise de dados, ou com a busca da solução perfeita (que nunca chega). Foquem no propósito, no porquê temos que “curar essa dor” da organização, e atuem. Simples assim.
Como Andréa sabiamente conclui: “Seja humilde, traga coesão e ajude na tomada de decisão. Some sempre”. Então, da próxima vez que se deparar com um desafio, pergunte a si mesmo: estou levando apenas o problema ou estou propondo soluções? A resposta pode fazer toda a diferença na sua carreira e na percepção que os outros têm de você como profissional.
Seja um solucionador de problemas e não um repassador de problemas.