Apossibilidade de trabalhar de maneira remota ou híbrida está sendo valorizada por profissionais qualificados em busca de recolocação no mercado de trabalho. É o que aponta o Guia Salarial 2023 da empresa de recrutamento Robert Half. Segundo o estudo, na hora de procurar por uma vaga de emprego, 43% dos candidatos afirmam que o modelo de trabalho é o mais importante.
No entanto, há uma divergência nas expectativas de algumas empresas e colaboradores em relação ao assunto. Mesmo 75% dos líderes afirmando que a flexibilidade pesa no momento de atrair talentos, e 67% alegando que modelos de trabalho com atuação remota ajudam na retenção, a pesquisa mostra que, dentre eles, 33% mantêm o regime integralmente presencial, ao passo que apenas 10% adotam o modelo 100% remoto.
Durante a pandemia, profissionais de diversos segmentos tiveram a experiência de trabalhar remotamente ou em regime híbrido. E essa vivência, hoje, tem pesado no cenário da recolocação no mercado de trabalho. É possível dizer que, sobretudo os mais qualificados, agora estão considerando não apenas o salário e os benefícios oferecidos, mas principalmente se o modelo de trabalho atende à necessidade por flexibilidade.
As empresas que estão exigindo disponibilidade presencial estão sofrendo para preencher as vagas em aberto ou reterem os seus contratados. Os dados comprovam: segundo o levantamento da Robert Half, 42% das companhias que retornaram ao 100% presencial têm perdido talentos. Do ponto de vista dos profissionais, 39% afirmam que vão buscar outra oportunidade se não tiverem flexibilidade no emprego atual.
Recentemente, ouvi de uma profissional com carreira desenvolvida na área de logística em empresas multinacionais, e que passou há pouco tempo por um processo de recolocação profissional, que dois motivos a levaram a preferir o modelo híbrido. “Optei pelo modelo híbrido pela importante redução de custos de deslocamento no meu orçamento, e também pela oportunidade de trabalhar em projetos globais do meu escritório, na minha casa”, contou-me.
Acredito que o seu breve relato é elucidativo.
Atualmente, fala-se muito em centralidade no cliente, mas ainda pouco sobre “funcionário no centro”. Apenas um comparativo: as empresas forçariam os seus clientes a retornarem ao atendimento exclusivamente presencial? Por que algumas, então, desejam fazê-lo com os colaboradores? Penso que a expectativa de voltar ao presencial não deve se sobrepor à capacidade de planejar bem metas e mensurar ainda melhor os resultados, independente do modelo adotado.
Vale a reflexão!