Imagine a seguinte cena: um funcionário está descontente com as condições de trabalho oferecidas pela empresa e comenta com os colegas sobre a sua insatisfação. Em seguida, ele pede demissão e fala abertamente que “está tirando um peso das costas.” É provável que outros colaboradores, algum tempo depois, sigam o exemplo e também peçam o desligamento da empresa. Esta é apenas uma das facetas daquilo que nós, especialistas, chamamos de “efeito
contágio”.
Acontece com relativa frequência dentro das organizações. Quando um colaborador está insatisfeito e expressa isso de forma aberta ele pode desencadear nos colegas um efeito contagioso. Até pessoas que não estavam descontentes com a empresa passam a endossar os pontos negativos levantados pelo demitente. Algumas, inclusive, chegam a solicitar desligamento logo em seguida.
A força do “efeito contágio” depende de quais funcionários estão saindo e em que circunstâncias ocorreram as demissões. Pode acontecer a reboque de uma mudança da política de trabalho da empresa, por exemplo, ou em virtude da saída de um colaborador com quem os demais se identificavam. Independente da situação, existe um poderoso efeito psicológico ao ver colegas deixando a empresa. É uma influência que pode motivar outras pessoas a cogitarem tomar o mesmo rumo.
Os motivos que levam um colaborador a se demitir variam. No geral, o sentimento de desvalorização ou a busca por melhores oportunidades de trabalho são as razões imperativas. Distração, desinteresse, queda da eficiência e aumento das ausências são alguns dos sinais emitidos por aqueles que estão prestes a “jogar a toalha”. Como as empresas podem evitar ou minimizar que os demissionários “contagiem” os outros?
A atenção consciente é fundamental. Por três motivos: ajuda a resolver o problema em estágio inicial e, com êxito, mudar a opinião do colaborador; permite monitorar a negatividade do funcionário, impedindo-o de afetar os outros colaboradores, derrubando o moral e reduzindo a produtividade; e, por fim, favorece ganhar tempo para a implementação de uma estratégia de recrutamento e retenção eficiente.
A seguir, enumero as razões que levam os profissionais a se demitirem e o que as empresas podem fazer para evitar a perda dos melhores talentos:
#1 – Crescimento limitado: os colaboradores costumam ter o desejo de crescer na empresa. Consequentemente, a falta de oportunidades de desenvolvimento é um dos principais motivos pelos quais eles se demitem. Reconhecê-los por um trabalho bem executado, além de estabelecer um claro plano de carreira pode fazer com que os profissionais sintam que têm um futuro de longo prazo na organização, evitando, por conseguinte, se desligarem;
#2 – Má remuneração: é fato que nem todas as autodemissões são provocadas por questões financeiras. Mas, é igualmente verdade que a remuneração é um elemento muito importante. Os colaboradores, por exemplo, podem descobrir facilmente quanto seus pares em outras empresas estão recebendo. Isto torna-os perfeitamente cientes de seu valor de mercado. Oferecer salários competitivos e outros benefícios atraentes pode motivá-los a ficar;
#3 – Falta de desafio: bons profissionais padecem ao desempenhar um trabalho maçante e sem sentido. Eles almejam se envolver e sentir que estão aprendendo e se desenvolvendo continuamente. Significa dizer que novos desafios e novas metas precisam ser criados visando contribuir para a motivação e para o sentimento de utilidade;
#4 – Sentimento de desvalorização: independente da formação, do cargo ou do nível hierárquico, as pessoas buscam reconhecimento pelo trabalho que prestam. Quando uma empresa ignora as realizações de um colaborador, ele pode procurar a validação em outro lugar. Neste caso, é válido implementar sistemas que validem os bons funcionários, para que se sintam valorizados e, principalmente, parte integrante da empresa;
#5 – Aferição de clima: é preciso também atenção para identificar os problemas. A maioria deles, no entanto, pode ser aferida por meio de pesquisas de clima. Elas são importantes para detectar irregularidades e favorecer a implementação de melhorias. Por meio delas, é possível sanar ruídos de comunicação, por exemplo, evitando a perda de pessoal qualificado.