No ambiente corporativo atual, saber apenas executar bem já não garante espaço. A técnica é o mínimo esperado. Resultados são importantes, mas há algo mais sutil e, ao mesmo tempo, decisivo por trás de quase todas as trajetórias de crescimento que acompanho: a capacidade de influenciar.
Influenciar não é sobre convencer a qualquer custo. Não é sobre falar mais alto. E, definitivamente, não tem a ver com bajulação. A influência verdadeira se constrói com presença, clareza e intenção. Em um mundo cada vez mais interdependente, com equipes híbridas, estruturas enxutas e decisões rápidas, profissionais que sabem articular ideias, criar pontes e mobilizar pessoas têm diferencial. Além de participar do processo, eles movem o processo.
Segundo o relatório Future of Jobs 2025, do Fórum Econômico Mundial, entre as competências mais requisitadas para os próximos anos estão a comunicação eficaz, a inteligência emocional e a liderança com influência social. Essas habilidades não estão ligadas ao domínio técnico, mas à forma como você se relaciona, comunica e conduz. São habilidades que nem sempre aparecem no currículo, mas aparecem em cada reunião, conversa difícil ou tomada de decisão coletiva.
Influência é, antes de tudo, uma construção de reputação. Ela nasce da confiança que você inspira. De como as pessoas percebem a sua postura, sua escuta, sua capacidade de agir com equilíbrio mesmo sob pressão. E, ao contrário do que muitos pensam, não exige cargo formal. Aliás, muitos dos profissionais mais influentes que conheci não tinham poder hierárquico, mas tinham voz. E isso, muitas vezes, basta.
Ainda assim, há uma ideia equivocada que precisa ser desfeita: a de que ser influente é ser político demais, ou fazer jogo de interesses. Essa visão limitada faz com que muitos profissionais maduros resistam à ideia de se posicionar estrategicamente, como se demonstrar influência fosse trair princípios ou “fazer média”. Mas não é disso que estamos falando.
Ser influente não é ser bajulador. Quem influencia com consciência não tenta agradar a todos, nem adota um discurso moldado apenas para ser aceito. A verdadeira influência se apoia na integridade, na consistência entre o que se fala e o que se faz. Ela nasce quando você consegue expressar uma visão clara, escutar o outro com atenção, discordar com respeito e agir com coerência ao longo do tempo.
Pessoas influentes não tentam dominar a conversa. Elas criam espaço para que as melhores ideias venham à tona. Sabem adaptar sua comunicação conforme o perfil do interlocutor. Conseguem traduzir o que é complexo em algo simples e compreensível. E, acima de tudo, mantêm sua presença quando o ambiente aperta. É aí que a influência se torna mais visível.
A escritora e especialista em liderança Erica Dhawan chama isso de inteligência de conexão. A habilidade de construir pontes entre pessoas, ideias e culturas, especialmente em ambientes de alta pressão e diversidade. É uma habilidade cada vez mais valorizada e cada vez mais necessária.
Muitos profissionais experientes acabam ficando para trás não por falta de capacidade técnica, mas por não conseguirem se posicionar com clareza. Falam pouco. Ou falam demais. Faltam exemplos concretos. Ou sobra julgamento. Às vezes, ainda acreditam que sua experiência fala por si. Mas o mercado atual não funciona mais assim. A forma como você comunica seu valor passou a ser tão importante quanto o valor em si.
Influência também exige leitura de ambiente. Saber quando avançar. Saber quando escutar mais. Entender os bastidores sem se perder neles. E manter a própria essência mesmo em contextos difíceis. É uma combinação de presença, empatia e estratégia.
Se você quer crescer, liderar, ser visto como alguém capaz de assumir projetos maiores, desenvolver essa habilidade precisa entrar no seu radar. Não se aprende influência em um curso de fim de semana. Mas é possível começar com pequenas mudanças: melhorar a escuta, refinar a comunicação, observar quem influencia ao seu redor e entender por quê. Praticar conversas difíceis com mais intenção. Refletir sobre como suas ideias são recebidas e por quê.
Ser referência no seu ambiente de trabalho não depende de ser o mais falante ou o mais simpático. Depende da forma como você se comporta, colabora, direciona e se posiciona nos momentos que importam. Pessoas que sabem influenciar tornam-se naturalmente pontos de referência. Elas são procuradas para opinar, para mediar, para decidir junto. Elas se tornam confiáveis. E isso é o que move a liderança hoje.
No fim, influência é sobre isso: mobilizar com propósito. Não é uma habilidade que se impõe. É algo que se conquista. E quanto mais você desenvolve essa competência, mais espaço você ganha, sem precisar forçar.
Então, a pergunta que deixo aqui é simples: como anda a sua influência? Você tem se tornado uma voz que orienta e inspira? Ou tem deixado que seu trabalho fale por você em silêncio, esperando que os outros percebam o que você entrega?
Talvez seja hora de ocupar esse espaço com mais intenção.