Com frequência, profissionais com mais de 50 anos me perguntam: “Karine, será que estou velho para o mercado?” ou “Até quando o mercado vai me enxergar como relevante?”. Essas dúvidas refletem os desafios do etarismo e nos levam a buscar caminhos para manter a empregabilidade e a relevância em um mercado que está em constante transformação.
Mas afinal, o que é etarismo? De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), etarismo é o conjunto de estereótipos, preconceitos e discriminações direcionados a pessoas com base na idade. Essa é uma realidade em muitos setores. Algumas empresas ainda discriminam pela idade, seja pelos custos associados, como planos de saúde mais altos, ou por preconceitos que desvalorizam a experiência de profissionais mais maduros.
Por outro lado, o mercado está, aos poucos, se abrindo para profissionais 50+, especialmente em setores que reconhecem o valor da maturidade, da visão estratégica e das habilidades interpessoais. Em muitos casos, essa inclusão é impulsionada pela escassez de mão de obra qualificada.
Lembro de uma palestra sobre investimentos, em que ouvi uma frase que ficou marcada: “Você vai ficar velho. Cuide da sua aposentadoria, prepare-se financeiramente”. Trazendo isso para o contexto profissional, o recado é claro: você será um profissional 50+ um dia, então cuide da sua carreira desde já.
Independentemente da idade, o fator mais importante é o quanto você está atualizado em relação às tendências da sua área. Isso inclui tanto as competências técnicas quanto a capacidade de enxergar o futuro do mercado. Sua profissão pode ser automatizada? Como você pode liderar ou implementar essas transformações?
Se sua formação e experiência estão estagnadas, será difícil se manter competitivo. E aqui está a verdade dura, mas necessária: isso não vale apenas para profissionais 50+ – vale para todas as idades. Leia de novo: isso vale para todas as idades.
O que Você Está Construindo?
É importante refletir: o que você está fazendo hoje para expandir suas possibilidades nos próximos anos? A carreira tradicional como CLT não precisa ser a única opção. Em um mercado que valoriza flexibilidade e expertise, existem caminhos além do emprego formal.
Aqui estão algumas oportunidades que podem ser exploradas:
- Consultoria: Transforme sua experiência em um serviço, ajudando empresas ou profissionais a resolver desafios específicos.
- Empreendedorismo: Crie seu próprio negócio, explorando nichos de mercado ou áreas onde você já tenha domínio.
- Educação e Treinamento: Desenvolva cursos ou palestras para compartilhar o conhecimento que adquiriu ao longo da sua trajetória.
- Nova Carreira: Avalie a possibilidade de transitar para outra área de atuação, alinhando-se às suas paixões e habilidades.
Essas transições não acontecem do dia para a noite. Planejamento é essencial. Pergunte-se: o que estou fazendo hoje para me preparar para essas possibilidades no futuro?
Por exemplo, ao longo dos próximos cinco anos, você pode começar a atuar como consultor de forma pontual, criando um portfólio de cases de sucesso que, futuramente, pode se transformar em sua principal atividade. Ou pode começar a estudar e testar ideias para um negócio próprio, explorando suas paixões e competências.
O mercado de trabalho está mudando, assim como a forma de lidarmos com nossas carreiras. Ao invés de esperar que as portas se abram para profissionais mais experientes, que tal criar suas próprias oportunidades?
Seja qual for a sua escolha – seguir como CLT, empreender, ou transitar para uma nova carreira –, o ponto essencial é manter-se relevante e em constante evolução. Sua idade não define suas possibilidades. O que define é o quanto você está disposto a aprender, se reinventar e explorar novos caminhos.
Afinal, nunca é tarde para transformar experiência em oportunidade.